O cerco da Operação Mensageiro se fechou ainda mais nesta terça-feira, 19 de agosto, com uma nova fase que reforça o alcance das apurações sobre supostas irregularidades na contratação de serviços de gestão de resíduos sólidos em Santa Catarina. A ação, conduzida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e o Grupo Especial Anticorrupção (Geac), teve como principal alvo a Saays Soluções Ambientais e resultou na prisão preventiva de três dirigentes da empresa, além da apreensão de documentos, equipamentos eletrônicos e valores em espécie.
Segundo os investigadores, o objetivo é aprofundar a coleta de provas sobre contratos milionários firmados com prefeituras catarinenses e que, de acordo com o MP-SC, estariam ligados a um esquema que envolve fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Prisões em Gaspar
Os três detidos fazem parte da mesma família e ocupam cargos estratégicos na Saays Soluções Ambientais. Foram presos Schirle Scottini, proprietária da empresa; sua irmã Adriana Scottini, diretora administrativa; e Arnaldo Júnior, filho de Schirle e diretor de operações.
De acordo com as autoridades, há fortes indícios de que os investigados continuavam atuando de maneira irregular, mesmo após fases anteriores da Operação Mensageiro já terem resultado na prisão de prefeitos, ex-prefeitos, empresários e servidores públicos. O trio foi encaminhado ao Presídio de Blumenau e deverá passar por audiência de custódia.
Mandados de busca em 10 cidades
A nova fase também cumpriu 36 mandados de busca e apreensão em dez municípios catarinenses: Gaspar, Blumenau, Rio do Sul, Imbituba, Florianópolis, Bombinhas, Laguna, Braço do Norte, Palhoça e Imaruí.
Foram recolhidos celulares, computadores, documentos e dinheiro em espécie, que serão analisados pela equipe de investigação. Entre os alvos das buscas estiveram ainda o ex-prefeito de Braço do Norte, Roberto Marcelino (PSD), conhecido como Betinho, e o ex-prefeito de Rio do Sul, José Thomé (PSD), investigados por possível participação no esquema.
O “escândalo do lixo” em Santa Catarina
Desde seu início, em 2022, a Operação Mensageiro se consolidou como uma das maiores ações de combate à corrupção no estado, centrada no chamado “escândalo do lixo”. O caso apura se empresas do setor de resíduos sólidos, entre elas a Saays Soluções Ambientais, se beneficiaram de contratos públicos obtidos por meio de licitações direcionadas e superfaturadas, em troca de propinas pagas a agentes públicos.

As investigações indicam que o esquema não apenas desviava recursos públicos, mas também comprometia a eficiência e a qualidade de um serviço essencial para a população e o meio ambiente.
Defesa contesta acusações
O advogado Wilson Knöner Campos, que representa os três dirigentes da Saays, afirmou que seus clientes colaboraram com todas as etapas da operação, não têm nada a esconder e que as prisões preventivas são injustificadas. Ele informou que pedirá a revogação das medidas tão logo tenha acesso integral aos autos do processo.
Segundo Campos, a atuação da empresa é legítima e cumpre os parâmetros legais exigidos para o setor, não havendo fundamento para as acusações de que a Saays teria papel central em um esquema criminoso.
Próximos passos das investigações
Com o material apreendido nesta fase, o MP-SC e o Gaeco pretendem aprofundar as análises e identificar outros possíveis envolvidos no esquema. A expectativa é que novas fases da Operação Mensageiro sejam deflagradas, ampliando o alcance das apurações e incluindo mais contratos sob suspeita.
As autoridades ressaltam que o setor de resíduos sólidos é estratégico e de alto valor, o que exige atenção redobrada dos órgãos de controle para evitar fraudes e desvios que afetam diretamente a gestão pública e a prestação de serviços essenciais.
Conclusão
As prisões e apreensões realizadas nesta etapa da Operação Mensageiro representam um avanço considerável nas investigações contra a Saays Soluções Ambientais e reforçam a determinação das autoridades em combater práticas ilícitas no setor de resíduos sólidos.
Enquanto a defesa busca reverter as prisões e contestar as acusações, o Ministério Público segue no encalço de provas que possam consolidar o caso e levar à responsabilização dos envolvidos. Com cada fase, o “escândalo do lixo” ganha novos capítulos e evidencia a necessidade de rigor na fiscalização de contratos públicos em Santa Catarina.
Autor: Luanve Urimkoilslag