A Dra. Thaline Hernandez das Neves Coutinho, fundadora da Clínica View, ressalta que o teratoma pericárdico fetal é uma condição extremamente rara e desafiadora, especialmente quando diagnosticada ainda durante a gestação. Localizado na cavidade torácica, próximo ao coração, esse tipo de tumor pode comprometer significativamente a hemodinâmica fetal. Por isso, o reconhecimento precoce da doença é fundamental para um planejamento pré-natal eficaz e melhores desfechos neonatais.
Diagnóstico precoce: tecnologia aliada à expertise médica
A detecção de massas intratorácicas em exames de rotina, como a ultrassonografia obstétrica, requer uma abordagem diagnóstica precisa e altamente especializada. Em um caso recente, atendido por Thaline Hernandez das Neves Coutinho, uma gestante foi encaminhada após a identificação de uma massa entre o pulmão e o coração do feto. Inicialmente, a médica responsável suspeitava de uma lesão pulmonar, mas a avaliação especializada revelou um cenário diferente.
A Dra. Thaline Hernandez das Neves Coutinho, única profissional no estado a realizar ressonância magnética fetal (RMF), utilizou essa tecnologia para obter uma visão detalhada da anatomia fetal. A análise por imagem indicou que a massa se localizava no saco pericárdico — estrutura membranosa que envolve o coração — levantando a suspeita de um teratoma pericárdico. Após discussão com cardiologistas pediátricos, o diagnóstico foi confirmado por imagem.
Teratoma pericárdico: sinais, riscos e evolução
De acordo com a Dra. Thaline Hernandez das Neves Coutinho, a RMF é capaz de identificar as características específicas dessa lesão: uma massa paracardíaca, com conteúdo sólido e cístico, deslocamento de mediastino, derrame pericárdico e compressão de estruturas torácicas. Embora o teratoma pericárdico seja geralmente benigno, ele pode crescer progressivamente e causar complicações como arritmias, colapso pulmonar parcial, tamponamento cardíaco e insuficiência cardíaca fetal.
No caso relatado, o acompanhamento foi rigoroso e multidisciplinar. A equipe médica monitorou atentamente a evolução do tumor. Exames seriados de ultrassom e ressonância foram realizados para avaliar a função cardíaca fetal e o comportamento da massa tumoral.

Felizmente, o feto manteve estabilidade hemodinâmica durante toda a gestação, o que permitiu aguardar até o termo. O parto foi programado em hospital com suporte para cirurgia neonatal imediata.
Intervenção cirúrgica e confirmação diagnóstica
Logo após o nascimento, a criança foi submetida a cirurgia cardíaca para remoção do tumor. O procedimento foi bem-sucedido e o material foi encaminhado para análise anatomopatológica. O laudo confirmou o diagnóstico de teratoma pericárdico, com presença de algumas células com características de malignidade — um achado raro, mas que não alterou significativamente o bom prognóstico.
Hoje, o bebê encontra-se saudável, com ganho de peso normal e seguimento ambulatorial adequado. A expectativa de recuperação é excelente, com baixa probabilidade de recorrência tumoral.
Planejamento perinatal e papel do diagnóstico por imagem
Esse caso reforça a importância do diagnóstico precoce e da integração entre tecnologia e expertise clínica. A Dra. Thaline Hernandez das Neves Coutinho enfatiza que a ressonância magnética fetal foi essencial não apenas para o diagnóstico, mas para orientar todas as decisões terapêuticas ao longo da gestação. Além disso, possibilitou que os pais fossem devidamente informados e preparados emocionalmente para os cuidados pós-natais.
A identificação precoce do teratoma permitiu à equipe médica elaborar um plano de parto detalhado, escolher o ambiente hospitalar adequado e garantir a presença dos especialistas necessários no momento do nascimento — fatores decisivos para o sucesso da abordagem.
Considerações finais
Como pontua a Dra. Thaline Hernandez das Neves Coutinho, o teratoma pericárdico fetal, embora raro, representa uma condição com potencial de complicações graves. O uso de técnicas avançadas de imagem, como a ressonância magnética fetal, associadas a um acompanhamento multidisciplinar minucioso, permite uma abordagem mais segura e eficaz.
A experiência vivenciada nesse caso ilustra como a medicina fetal moderna, quando bem conduzida, pode salvar vidas e garantir qualidade de vida mesmo diante de diagnósticos complexos. A tecnologia, aliada à sensibilidade clínica, continua sendo uma das maiores aliadas da saúde materno-fetal.
Autor: Luanve Urimkoilslag