A Geração Z, formada por indivíduos nascidos entre 1995 e 2010, é a primeira geração a crescer em um ambiente totalmente digital. Desde muito jovens, eles têm acesso a smartphones, redes sociais e diversos aplicativos móveis, tornando-se nativos digitais por excelência. No entanto, essa familiaridade com o mundo virtual nem sempre se traduz em fluência com ferramentas tecnológicas amplamente utilizadas no ambiente profissional, como o Microsoft Excel e outros programas essenciais para o trabalho em escritório. Embora esses jovens estejam imersos no universo das redes sociais e das plataformas digitais, muitos deles enfrentam dificuldades significativas quando se deparam com as ferramentas tradicionais de produtividade usadas no mercado de trabalho.
Estudos recentes apontam que, embora a Geração Z tenha uma habilidade notável em interagir com tecnologias de comunicação, a maioria dos jovens não possui a mesma facilidade quando se trata de usar programas como o Excel, Word ou Outlook. Em uma pesquisa realizada pela Universidade de Toledo, foi constatado que estudantes dessa geração frequentemente têm dificuldades com tarefas básicas nesses programas. Funções simples, como organizar uma planilha no Excel, aplicar formatação em textos ou anexar arquivos em e-mails, se tornam um desafio. Esses são exemplos de habilidades essenciais para a maioria das funções no mercado de trabalho, o que pode criar um gap entre o que essa geração sabe fazer e o que é exigido dos profissionais.
Um dos fatores que explicam essa lacuna de habilidades é a transição dos jovens do mundo acadêmico para o profissional. Durante sua formação, muitos estudantes têm acesso a plataformas mais simplificadas e de fácil uso, como Google Docs, Planilhas Google e o Gmail. Esses aplicativos, apesar de suas funcionalidades, não são amplamente usados no ambiente corporativo, onde o pacote Microsoft Office ainda predomina. Isso acaba limitando o aprendizado e o domínio das ferramentas essenciais que empresas de diferentes setores exigem para a execução de tarefas cotidianas, como criação de relatórios, análise de dados financeiros e gestão de comunicação.
Além disso, o uso de dispositivos móveis é predominantemente preferido pela Geração Z. Um estudo realizado pelo TIC Domicílios em 2023 mostrou que 100% dos jovens entre 16 e 24 anos acessam a internet principalmente pelo celular, e somente 49% utilizam computadores de mesa ou notebooks. Esse padrão de uso reflete uma grande dependência do celular, o que implica uma menor familiaridade com softwares que demandam o uso de sistemas operacionais de desktop, como é o caso do Excel. Ferramentas de produtividade que exigem uma interface mais complexa, como o Outlook ou o Excel, podem parecer desnecessárias ou difíceis de usar para quem está acostumado com interfaces mais intuitivas e simplificadas.
Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e digital, é imperativo que os jovens profissionais da Geração Z adquiram habilidades em ferramentas tradicionais e populares. Para isso, a integração de programas de treinamento de habilidades digitais nos currículos de escolas e universidades é uma medida importante. Muitas universidades já começaram a incluir treinamentos e workshops sobre ferramentas como o Excel e outras plataformas corporativas em seus cursos de tecnologia e administração, mas é necessário um foco ainda maior para garantir que essa geração esteja realmente preparada para os desafios do mundo do trabalho.
A solução para essa deficiência de habilidades pode estar no próprio modelo de ensino. A educação formal precisa incorporar mais atividades práticas, que envolvam o uso de ferramentas e softwares que são, de fato, exigidos no mercado de trabalho. Criar um ambiente de aprendizado mais interativo, onde os alunos possam trabalhar com esses programas em cenários simulados, pode ser uma forma de aprimorar o domínio dessas ferramentas. Além disso, oferecer certificados e cursos rápidos, focados em habilidades de uso de software, pode ser uma maneira eficaz de complementar o conhecimento que os estudantes têm nas escolas.
Ainda que a Geração Z tenha algumas lacunas no que diz respeito ao domínio de ferramentas tecnológicas tradicionais, é preciso reconhecer que ela possui uma série de qualidades que são extremamente valiosas no mercado de trabalho. Esta geração é altamente criativa, adaptável e tem uma capacidade impressionante de aprender novas tecnologias de forma rápida e intuitiva. Além disso, seus membros estão constantemente buscando formas de se conectar, colaborar e resolver problemas utilizando as redes sociais e ferramentas digitais. Essas características tornam a Geração Z altamente competitiva em profissões que exigem inovação e pensamento crítico, além de ser muito eficaz em ambientes de trabalho digitais e colaborativos.
Outro ponto importante é o papel das empresas nesse processo. Elas não podem esperar que os jovens cheguem totalmente preparados para o mercado de trabalho sem a devida formação técnica. Investir em treinamentos e programas de desenvolvimento profissional voltados para o aperfeiçoamento das habilidades digitais dos jovens, como o uso de Excel e outros aplicativos corporativos, pode representar um grande diferencial. Dessa forma, as empresas podem não apenas ajudar a preencher a lacuna de habilidades, mas também criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e diversificado, em que os jovens possam se sentir mais preparados e confiantes para assumir papéis de liderança.
Em um mercado de trabalho que está cada vez mais dependente de tecnologia, a Geração Z precisa evoluir para dominar tanto as novas plataformas quanto as tradicionais. Ao combinar suas habilidades naturais com ferramentas clássicas como o Excel e o Outlook, essa geração pode se destacar ainda mais nas carreiras que escolherem seguir. A adaptação a esses desafios tecnológicos não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade para crescer e prosperar em um mundo profissional cada vez mais digital.
Em resumo, apesar de a Geração Z ser incrivelmente conectada ao universo digital, sua formação em ferramentas profissionais mais tradicionais ainda precisa ser aprimorada. Incorporar o ensino de programas como o Excel nas escolas e universidades, juntamente com estratégias de ensino mais práticas e baseadas em projetos, pode ser a chave para prepará-los para o mercado de trabalho. Ao unir suas habilidades tecnológicas à competência no uso de ferramentas essenciais, a Geração Z estará bem posicionada para liderar a próxima geração de profissionais. Dessa forma, tanto os jovens quanto as empresas se beneficiam de uma mão de obra mais qualificada e preparada para enfrentar os desafios do futuro.
Autor: Luanve Urimkoilslag