A decisão da Comissão de Serviço Público de Michigan, nos Estados Unidos, autorizando a realocação de um trecho do gasoduto da Linha 5 para um túnel sob o Estreito de Mackinac, ampliou as perspectivas para soluções de engenharia já aplicadas pela empresa brasileira Liderroll. O projeto, concebido para aumentar a segurança operacional do oleoduto, envolve a construção de um túnel com cerca de sete quilômetros e variações acentuadas de declive e aclive, um tipo de desafio técnico que dialoga diretamente com tecnologias desenvolvidas no Brasil.
A Liderroll, reconhecida pela capacidade de lançar grandes dutos em ambientes confinados, possui histórico em operações semelhantes, como as realizadas nos túneis do Gasduc 3 e do Gastau. Essas experiências contribuíram para que a companhia fosse percebida como potencial fornecedora de soluções para o projeto norte-americano.
Elementos técnicos e o interesse internacional pela tecnologia adotada
O posicionamento público da Enbridge, empresa responsável pela Linha 5, reforça que o projeto do túnel atende a avaliações de segurança e logística que vêm sendo discutidas desde incidentes registrados há alguns anos, quando impactos externos expuseram a vulnerabilidade do sistema existente. A aprovação regulatória levou em conta comparações com alternativas como transporte por caminhões, trens e embarcações, consideradas menos seguras e mais agressivas ao meio ambiente.
Ao analisar o cenário, Paulo Roberto Gomes Fernandes explica que o uso de túneis permite maior controle operacional e reduz riscos de danos acidentais. A solução é vista como compatível com técnicas já testadas pela Liderroll, que demonstrou capacidade de mobilizar tubulações extensas dentro de túneis com geometrias restritas e grandes variações topográficas.
Histórico regulatório e debates sobre a Linha 5
A Linha 5, que transporta petróleo entre o Canadá e os Estados Unidos, é tema de debates há anos. Disputas judiciais, decisões administrativas e divergências políticas marcaram a condução do tema, especialmente diante da preocupação ambiental envolvendo os Grandes Lagos. Mesmo com discussões sobre o encerramento do oleoduto por parte de autoridades estaduais, decisões de instâncias federais mantiveram a operação e deram continuidade ao planejamento do túnel.

Nesse período, a Liderroll acompanhou de perto questões técnicas apresentadas pela Enbridge, desde conversas realizadas em feiras internacionais de pipeline. Segundo Paulo Roberto Gomes Fernandes, engenheiros da companhia canadense buscaram entender como sistemas de lançamento em túneis poderiam ser aplicados à Linha 5.
A abordagem técnica apresentada por Paulo Roberto Gomes Fernandes
Em avaliações mais detalhadas, Paulo Roberto Gomes Fernandes descreve que equipes da empresa brasileira participaram de audiências públicas e reuniões técnicas nos Estados Unidos, oportunidade em que demonstraram soluções utilizadas em obras brasileiras. Os especialistas norte-americanos acompanharam exemplos envolvendo dutos de grande diâmetro instalados em túneis com restrições severas, cenários comparáveis aos desafios existentes em Michigan.
O engenheiro também comenta que a Enbridge considerou a possibilidade de instalar mais de uma linha dentro do mesmo túnel, abordagem semelhante à adotada pela Petrobras em projetos nacionais.
Desafios de manutenção e características de operação subterrânea
Uma das contribuições técnicas destacadas por Paulo Roberto Gomes Fernandes envolve a necessidade de manutenção preventiva em túneis confinados. Ele observa que variações de temperatura, ausência de luz, umidade constante e presença de animais tornam esses ambientes mais exigentes. A Liderroll possui experiência acumulada nesse tipo de operação, incluindo projetos realizados no Brasil há mais de uma década.
Para o engenheiro, a manutenção cuidadosa de dutos instalados em túneis é etapa essencial para garantir segurança, eficiência e longevidade do sistema, especialmente em ambientes fechados, onde inspeções precisam considerar fatores adicionais de risco.
Um avanço técnico que cria oportunidades
Paulo Roberto Gomes Fernandes ressalta que o túnel da Linha 5 representa uma convergência entre necessidades regulatórias, segurança ambiental e soluções técnicas robustas. A experiência acumulada em projetos complexos coloca a tecnologia brasileira em posição favorável para colaborar com iniciativas internacionais que exigem precisão, confiabilidade e histórico comprovado.
A decisão de Michigan, nesse contexto, funciona como um marco que amplia o escopo de diálogo entre empresas e autoridades técnicas interessadas em soluções já aplicadas no Brasil e reconhecidas por sua eficiência.
Autor: Luanve Urimkoilslag

