O ambiente escolar é um dos primeiros espaços onde se manifestam dificuldades de aprendizagem e concentração, especialmente quando há sinais consistentes de desatenção persistente. De acordo com Kelsem Ricardo Rios Lima, estudioso das dinâmicas educacionais e da neurodiversidade em contextos escolares, o déficit de atenção exige um olhar sensível e multidisciplinar. Isso porque, muitas vezes, os sintomas podem ser confundidos com desinteresse, preguiça ou má conduta, quando, na verdade, estão associados a um transtorno neurobiológico real que interfere diretamente no desempenho acadêmico e nas relações interpessoais.
O Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH) é um dos diagnósticos mais recorrentes na infância e adolescência. Caracteriza-se por níveis inapropriados de desatenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade. No contexto escolar, isso se traduz em dificuldades para iniciar ou concluir tarefas, manter a atenção por períodos prolongados, seguir instruções, organizar materiais ou manter o foco em atividades monótonas. Quando não identificado e tratado adequadamente, o TDAH pode levar à queda no rendimento escolar, isolamento social, baixa autoestima e conflitos frequentes com professores e colegas.
Déficit de atenção: como identificar e acolher
Lidar com o déficit de atenção na escola começa pelo reconhecimento dos sinais, que nem sempre são óbvios. Crianças com o transtorno podem apresentar aparente apatia, parecer desligadas ou dispersas, mesmo em atividades que dominam. Há também casos em que a impulsividade predomina, levando o aluno a interromper a aula, falar fora de hora ou agir de forma inadequada sem refletir sobre as consequências. Cada caso é único, e é fundamental que os educadores estejam capacitados para diferenciar comportamentos pontuais de padrões consistentes que exigem atenção especializada.
Segundo Kelsem Ricardo Rios Lima, o acolhimento e a observação atenta por parte da escola são essenciais. Não cabe ao professor diagnosticar o TDAH, mas é papel da instituição educacional acompanhar o desempenho e o comportamento dos alunos de forma contínua, além de manter um diálogo aberto com as famílias. Uma comunicação clara e empática entre escola e responsáveis pode ser decisiva para encaminhar a criança a uma avaliação com profissionais da saúde, como neurologistas, psicólogos ou psiquiatras.

Estratégias pedagógicas para incluir e estimular
Após a identificação do TDAH, o próximo passo é implementar estratégias pedagógicas que favoreçam a aprendizagem desses alunos. A flexibilização de tarefas, o uso de recursos visuais, a organização do ambiente físico da sala de aula e a divisão de atividades em etapas menores estão entre as práticas recomendadas. Também é importante estabelecer rotinas claras e previsíveis, com instruções objetivas e reforços positivos que estimulem a autonomia e a autoestima do estudante.
A presença de um plano de ensino individualizado, quando possível, facilita a adaptação curricular e o acompanhamento do progresso do aluno. Para Kelsem Ricardo Rios Lima, investir em formação continuada para educadores, com foco em neuroeducação e inclusão, é um dos caminhos mais eficazes para transformar a experiência escolar de crianças com TDAH. O professor bem preparado se torna agente de transformação, promovendo um ambiente mais justo, acessível e acolhedor para todos.
Além disso, é fundamental compreender que o suporte emocional é tão importante quanto as adaptações acadêmicas. Estimular o aluno a reconhecer suas conquistas, mesmo que pequenas, ajuda a construir uma trajetória escolar mais positiva e menos marcada por frustrações.
O papel da escola na inclusão de alunos com TDAH
A escola exerce papel central na promoção da inclusão e do respeito à diversidade cognitiva. Encarar o déficit de atenção como um desafio compartilhado, e não como um problema isolado do aluno, transforma o modo como a instituição educacional lida com as diferenças. A construção de vínculos afetivos, o desenvolvimento de empatia entre os colegas e o fortalecimento da relação entre escola, família e profissionais de saúde são pilares fundamentais para o sucesso dessa jornada.
Para Kelsem Ricardo Rios Lima, o caminho é a educação baseada no respeito, na escuta ativa e na valorização do potencial individual. Com estratégias adequadas, ambiente estruturado e apoio contínuo, é possível garantir que o aluno com TDAH tenha não apenas acesso à escola, mas uma vivência verdadeiramente significativa.
Autor: Luanve Urimkoilslag