Petroleiros questionam exploração de petróleo na Bacia de Santos no Brasil
A descoberta de um reservatório de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos, anunciada pela multinacional britânica BP Energy em 4 de outubro, provocou uma forte reação da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A entidade que representa os trabalhadores da indústria do petróleo no Brasil não está contra a exploração do recurso natural, mas sim questiona o fato de o anúncio ter sido feito sem a participação da Petrobras, empresa estatal que sempre esteve envolvida na exploração do pré-sal.
O bloco Bumerangue, onde foi encontrada a reserva, é de propriedade cem por cento da BP e foi arrematado em 2022, em leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A FUP vê nesse fato um exemplo dos riscos que o Brasil corre ao entregar o pré-sal ao capital estrangeiro. O coordenador-geral da entidade, Deyvid Bacelar, afirma que a descoberta mostra os retrocessos causados pela flexibilização do regime de partilha e reforça a perda de controle nacional sobre recursos estratégicos.
A Lei 13.365, que alterou o regime de partilha do petróleo no Brasil, foi criticada por Bacelar como uma das responsáveis pelas mudanças na forma como o pré-sal é explorado. Com essa lei, a Petrobras passa a não ser mais a única empresa estatal envolvida na exploração do recurso natural e outras empresas podem participar da exploração, sem necessariamente ter uma parcela de controle.
A FUP também questiona o fato de o anúncio da descoberta ter sido feito pela BP, em vez da Petrobras. Segundo a entidade, isso mostra que as empresas estatais não têm mais um papel preponderante na exploração do pré-sal e que o capital estrangeiro está cada vez mais presente no setor.
A Bacia de Santos é uma das principais áreas de exploração de petróleo no Brasil. Ela abriga muitos dos maiores campos de petróleo do país, incluindo os campos da Petrobras, como o Campo de Lula e o Campo de Marlim. A descoberta do reservatório no bloco Bumerangue é considerada significativa pela BP, que afirmou ser a maior da companhia em 25 anos.
O anúncio da descoberta também provocou reações de outros setores da sociedade brasileira. Alguns especialistas em petróleo e gás natural questionaram a escolha do local para explorar o pré-sal, considerando que outras áreas mais produtivas poderiam ser priorizadas.
A exploração do pré-sal é um tema complexo no Brasil, envolvendo interesses econômicos, políticos e sociais. A FUP vê a descoberta do reservatório no bloco Bumerangue como uma oportunidade para discutir os impactos da exploração do recurso natural no país e buscar soluções que beneficiem o Brasil.
A Petrobras ainda não se manifestou oficialmente sobre a descoberta, mas é provável que ela seja envolvida nos próximos passos da exploração do pré-sal. A empresa estatal tem um papel fundamental na exploração do recurso natural e sua participação é essencial para garantir o controle nacional sobre os recursos estratégicos.
A descoberta do reservatório no bloco Bumerangue também pode ter implicações políticas. O governo brasileiro tem sido criticado por não ter uma política clara para a exploração do pré-sal e por permitir que empresas estatais sejam arrematadas por empresas estrangeiras.
A FUP continuará a questionar a forma como o pré-sal é explorado no Brasil, pressionando o governo a reavaliar a política de partilha do petróleo e garantir que as empresas estatais tenham um papel mais importante na exploração do recurso natural.