Segundo Paulo Twiaschor, com o crescimento das cidades e a densificação urbana, passamos cada vez mais tempo em ambientes fechados. Estima-se que cerca de 90% da nossa vida é vivida dentro de edifícios — sejam casas, escritórios ou escolas. Isso torna a qualidade do ar interno uma preocupação central para a saúde pública. Poluentes como compostos orgânicos voláteis (VOCs), partículas finas (PM2.5), mofo e dióxido de carbono em excesso pode influenciar negativamente o funcionamento do sistema imunológico.
Uma ventilação ineficiente e a falta de purificação do ar contribuem para ambientes que, embora pareçam seguros, promovem um desgaste contínuo na saúde. Arquitetos e urbanistas têm, portanto, um papel fundamental em projetar edifícios que respirem — literalmente — por meio de ventilação cruzada, uso de materiais não tóxicos e integração com vegetação que purifica o ar.
Como a luz natural pode impactar nosso bem-estar físico e mental?
A exposição à luz natural é um dos fatores mais poderosos na regulação do nosso ritmo circadiano — o relógio biológico que orienta o sono, a digestão, o humor e até a imunidade. Ambientes bem iluminados com luz natural favorecem a produção de serotonina durante o dia e de melatonina à noite, regulando o sono e reduzindo o risco de depressão e ansiedade. Além disso, a luz solar é a principal fonte de vitamina D, essencial para o fortalecimento do sistema imunológico.
Paulo Twiaschor explica que em ambientes onde a luz natural é escassa, como muitos escritórios e apartamentos em centros urbanos, há um aumento significativo de fadiga crônica, baixa produtividade e transtornos afetivos sazonais. A arquitetura contemporânea precisa, portanto, reposicionar a luz solar como um recurso vital — e não apenas estético — no projeto dos espaços.
De que forma a arquitetura pode fortalecer o sistema imunológico?
Projetos arquitetônicos que priorizam ventilação natural, materiais saudáveis e boa iluminação não apenas evitam doenças, mas também fortalecem as defesas do corpo. A escolha de revestimentos que não liberam substâncias tóxicas, a inclusão de áreas verdes e a possibilidade de interação com o exterior reduzem os níveis de estresse, um dos maiores inimigos do sistema imunológico.

Ademais, Paulo Twiaschor menciona que ambientes que evitam o acúmulo de umidade e favorecem a renovação do ar são menos propensos a abrigar bactérias e fungos. Arquitetura saudável não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. O design biofílico, por exemplo, integra elementos naturais aos espaços e tem mostrado resultados significativos na redução de marcadores inflamatórios no corpo, melhorando diretamente a saúde física das pessoas.
Qual é a relação entre biofilia e imunidade?
O conceito de biofilia — a afinidade inata dos seres humanos com a natureza — tem ganhado força na arquitetura contemporânea como estratégia de promoção da saúde integral. A introdução de plantas, jardins internos, paredes verdes, fontes de água e materiais naturais nos espaços construídos cria um ambiente sensorialmente rico que acalma a mente e estimula funções fisiológicas importantes.
De acordo com Paulo Twiaschor, a presença da natureza reduz a pressão arterial, melhora a qualidade do sono e estimula comportamentos mais saudáveis. Além disso, o contato com microrganismos presentes em ambientes naturais (o chamado “microbioma ambiental”) pode desempenhar um papel importante na diversificação do microbioma humano, contribuindo para uma imunidade mais robusta.
Por fim, para que os benefícios da luz natural e da qualidade do ar sejam amplamente sentidos, é necessário que os princípios da arquitetura saudável sejam incorporados também ao planejamento urbano. Paulo Twiaschor frisa que isso significa desenhar bairros com áreas verdes acessíveis, promover fachadas permeáveis à luz solar, reduzir o uso de materiais tóxicos e incentivar a construção de edifícios sustentáveis.
Autor: Luanve Urimkoilslag